segunda-feira, outubro 30, 2006

minha casa


Estive recentemente na Concha Acústica prestigiando o show do magnífico maranhense Zeca Baleiro. Isso me lembrou reouvir os discos dele (tenho os 5, e ainda aquele em parceria com Fagner). Considero-lhe, ao lado do pernambucano Lenine, do paraibano Chico César, do baiano Carlinhos Brown, dentre outros, um dos ícones da música brasileira. No deleite da canção "Minha casa", dele próprio e faixa de abertura do CD "Líricas", percebi, como acontece em muitas outras músicas, uma identificação ímpar comigo. Resolvi postar. É uma canção sobre realidade e como diz o autor: "de esperança, apesar do aparente desencanto".

é mais fácil cultuar os mortos que os vivos
mais fácil viver de sombras que de sóis
é mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro
não quero ser triste
como o poeta que envelhece lendo maiakóvski na loja de conveniência
não quero ser alegre
como o cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o sol de domingo nem quero ser estanque como quem constrói estradas e não anda
quero, no escuro, como um cego, tatear estrelas distraídas
amoras silvestres no passeio público
amores secretos debaixo dos guarda-chuvas
tempestades que não param
pára-raios quem não tem
mesmo que não venha o trem, não posso parar
vejo o mundo passar como passa uma escola de samba que atravessa pergunto onde estão teus tamborins
sentado na porta de minha casa
a mesma e única casa
a casa onde eu sempre morei

segunda-feira, outubro 16, 2006

vivo

Já a algum tempo sem postar, vou colocar outra letra de música. Antes, um comentário a respeito não da letra que vou publicar, mas sobre música em si. Certo dia, na faculdade, aula de Mari, determinado assunto trouxe à tona a questão da aquisição de CD's. A professora foi incisiva e, aparentemente, convicta da resposta, quando perguntou: alguém aqui ainda compra CD? Todos negaram, inclusive eu. Ela obteve a resposta que imaginava. Mas eu não quis, ou não tive coragem, ou não estava a fim mesmo de polemizar. Eu compro CD. E muito. Eu coleciono e só compro original, na loja. Sei lá, acho que herdei isso da minha mãe (se é que é possível haver genética nesse assunto). Minha mãe faleceu há sete anos (precisamente dia 23 de agosto de 1999), mas até lá, ela colecionava vários apetrechos: selos, pedras raras, moedas, livros, filmes e discos. Hoje dou continuidade. Atualizei (afinal, sou da era do CD e DVD!) e ampliei apenas as coleções de discos e filmes. Vergonhosamente, a de livros, enxuguei. As outras, sem dó, extingui. Pra quem tem esse espírito de coleção, só vale o original, o completo. Só ouvir a música, por ouvir, não é interessante, ou completamente satisfatório. Eu quero a obra completa, a história musical, os compositores, as parcerias, os músicos envolvidos.
Coletânea, não compro. Monto, de acordo com a minha preferência, apenas para colocar no carro. Coletânea não é gostar do artista, mas dos sucessos daquele artista. Assim é fácil! E nem sempre o fácil me seduz. Pra quem coleciona, o encarte, o cheiro de novo são fundamentais. A busca pela obra completa, é tudo. Um dos meus motivos de viver, um dos meus maiores prazeres, sem hesitar ou pestanejar, é a música. E CD, só original!
Agora vai uma canção de Lenine e Carlos Rennó, que está no disco In Cité, de Lenine, gravado ao vivo na França em 2004 (é difícil encontrar um "piratão" desse álbum!). Chama-se "Vivo" e, sob o jogo e malabarismo com as palavras, tão peculiar de Lenine (influenciado, sem dúvida, por Gilberto Gil) fala sobre a essência de um ser humano, no caso eu, pois me apossei da música. Até porque a arte está aí para adequarmos a nossa interpretação.

precário, provisório, perecível
falível, transitório, transitivo
efêmero, fugaz e passageiro

eis aqui um vivo

impuro, imperfeito, impermanente
incerto, incompleto, inconstante
instável, variável, defectivo

eis aqui um vivo

e apesar
do tráfico, do tráfego equívoco
do tóxico do trânsito nocivo
da droga do indigesto digestivo
do câncer vir do cerne do ser vivo
da mente, o mal do ente coletivo
do sangue, o mal do soropositivo
e apesar dessas e outras
o vivo afirma, firme, afirmativo
"o que mais vale a pena é estar vivo"

não feito, não perfeito, não completo
não satisfeito nunca, não contente
não acabado, não definitivo

eis aqui um vivo

eis-me aqui

segunda-feira, outubro 09, 2006

eclipse solar, infograficamente falando

Esse texto é uma exigência da disciplina Oficina de Multimídia e Web Design. Fazer um texto sobre um infográfico escolhido por mim mesmo.

Desde criança ouço falar no tal do eclipse solar. Mãe, pai, tios sempre comentavam e perguntavam: hoje tem eclipse, você vai ver? Era algo que sempre me intrigou muito. Aquele curiosíssimo escurecimento durante o dia... Hoje, já mais ou menos adulto, acho que já sei o que é um eclipse (já consegui ver também!), mas esse infográfico (no link abaixo) descreve muito detalhadamente o processo.
Logo no início, a apresentação do infográfico, antes de carregar mesmo, já é bela a imagem: a janela toda em preto e duas elipses no centro. Uma, por baixo, em amarelo, mas com certos efeitos, representa o sol e suas frestas de luz a escaparem pelas beiradas. A outra, toda em preto, representa a lua tapando a luz solar.

Ao clicar em "pulse para continuar", de fato, abre o infográfico (animação). Sobre nova janela toda em preto, mas recheada de minúsculos pontos brancos, fica a nítida sensação de estarmos na Via Láctea. Daí três retângulos cor de prata, no canto esquerdo superior informam o que será apresentado no trabalho. Com um clique em qualquer deles, o efeito é garantido. Porém, as setinhas localizadas ao lado oposto, acompanhadas por uma espécie de "orientador", oferecem outro tipo de navegação, esta mais global, pois, gradativamente, abarca todas as etapas. Logo neste início há um texto, no alto, explicando a definição de um eclipse e a relação propícia entre a Terra e a lua para a realização do mesmo. Uma imagem do globo terrestre representa nossa planeta.
Vamos seguir. Ao clicar na setinha que representa o "play" e adentrarmos na próxima janela há novos textos explicando o eclipse, e novas imagens. Ao lado esquerdo central da página, uma elipse laranja-amarelada representa, obviamente, o sol. Ao lado direito central, estão mais duas elipses. A da Terra (que já estava lá) e uma pequenina (até para explicitar a diferença real de tamanho), entre as anteriores, para representar a lua. Aliás, entre o sol e a lua, um rastro cor de cinza representa o emanar dos raios solares à Terra e o efeito causado devido ao posicionamento da lua naquele instante.
Agora chega a parte da simulação. O fundo não é mais a Via Láctea e o ângulo de visão mudou. A explicação agora é muito mais didática mesmo. No canto esquerdo superior são simulados um horário e percentual do eclipse naquelas circunstâncias. Aí você pergunta, quais circunstâncias? Calma, calma. No centro, e agora olhando de frente e não mais panoramicamente, existem duas elipses. O fundo agora tem um azul, que representa (eu acho!) o céu. As duas elipses são o sol (a amarela, evidentemente, com um efeito maravilhoso que parece a real impressão que temos ao olharmos para a grande estrela) e a lua (a em preto).
Eu entendi que o azul da janela anterior, propositalmente, representava o céu, muito pelo que acontece nesta etapa. Aqui aparece o deslocar da lua para a frente do sol. Isso ocorre paralelamente ao desenvolver da hora e do percentual do eclipse, acrescentado, agora sobre em qual fase ele se encontra. Sim, para não me perder sobre o que falei no início do parágrafo, o azul fica mais escuro, já que a lua avançou, assim como ficaria o céu!
Mais uns passinhos da lua acompanhados pela e hora e percentual e chegamos a uma nova fase. O céu agora está completamente escuro, só umas frestas teimosas (muito bem feitas, por sinal!) insistem em aparecer, mas sem muita força. A lua está bem na frente.
É um momento raro e rápido. Apenas dois minutos depois, o céu recomeça a clarear. Oitenta e três minutos depois disso, o eclipse, praticamente se encerrou. Aqui a lua já atravessou os raios solares e não mais os impedem de chegar à Terra. O céu está bem azul de novo.
Nesta etapa, são apresentados os três tipos de eclipse, regados às imagens utilizadas durante todo o processo e muito texto. E para concluir, uma tela de advertência. Sob a simbologia, que suponho ser universal, do "X" (para proibir), são colocados vários aparelhos e instrumentos adequados e não recomendados para "mirar directamente al sol".

quarta-feira, outubro 04, 2006

página na web

Esse texto é uma exigência da disciplina Oficina de Multimídia e Web Design, lecionada por Mari + Fiorelli (é assim que ela assina suas mensagens, achei legal). É um relatório sobre os procedimentos adotados na criação de uma página na web. Ontem ela falou pra mim, assim que cheguei na sala, que tinha acabado de corrigir e o princicpal: que tinha adorado. Fiquei muito lisonjeado e resolvi postar.
Quando você disse, na última aula, que o relatório sobre o processo de construção da página não precisava se aprisionar às regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), tirou uma mala de 500 quilos das minhas costas. Há tempos eu esperava esse dia chegar, mas vou me policiar para não exagerar, pois já ouvi dizer que “tudo em exagero é prejudicial”.
Ainda antes de começar, devo assumir que não me prendi, neste relatório, a alguns detalhes, sem os menosprezar, é claro. Por exemplo: não comentei sobre que programa utilizei para construir a página, nem para tratar a imagem, nem como foi colocada no ar. Enfim, detalhes do mecanismo, não descrevi.
Pois bem. Coube a mim, desenhar a página da editoria “Modernidade/Tradição”, cujo texto intitula-se “Feirantes exigem melhor infra-estrutura”. Como nunca tinha criado nada, absolutamente nada na web, confesso que me assustei um pouco com a proposta. Porém, o ritmo e condução das aulas favoreceram a um alívio gradativo do meu pânico inicial.
Optei por um verde escuro na página de fundo. Antes havia testado e tentado empregar outra cor, mas decidi ficar com o “verdão”. O primeiro motivo disso foi o tema (infra-estrutura precária). Achei que o ideal seria uma cor fria, para dar mais veracidade ao texto. E verde. Por que verde? Posso até ter viajado demais, mas acho que o verde remete a mato, matagal, que deságua nas plantações, que, involuntariamente nos fazem lembrar dos principais produtos de uma feira: verduras, legumes e frutas. E também por já ter em mente que não usaria fotografias com imagens de quaisquer produtos desses gêneros. Sobre esse verde escuro inseri uma tabela com duas colunas, onde coloquei o texto, com fonte (arial) em branco, ao lado esquerdo, e uma fotografia (falo daqui a pouco), maior que o texto, ao lado oposto.
Nessa tabela apliquei um verde ainda mais escuro, mais forte que o outro (de fundo). Usei tom sobre tom, por insistir que o verde era uma cor ideal para o assunto e por não querer utilizar muitas cores diferentes. Tirei as bordas para dar um ar mais profissional e leve à página. A fonte em branco ofereceu a melhor leitura em contraste agradável com o verde. Mais em cima descrevi para qual editoria pertence o texto: “Modernidade/Tradição”. Está escrito em duas fontes, uma para representar “modernidade” (mais redondinha e contemporânea), e outra para representar “tradição” (parecida com aquela da máquina de datilografia). Estão, também, em branco, e sobre uma tarja cor grená. A escolha dessa cor foi, realmente, para combinar com o verde, mas sem perder a frieza.
Apresenta uma imagem degradante da feira: aves amontoadas em cubículos gradeados ficam à mostra a transeuntes, atentos ou não. Vários objetos e sacos espalhados pelo local sujo e desorganizado, e o desdém do comerciante a tudo e todos, apresentam a real situação sugerida pelo texto. Antes de estampar na página, passeou pelo PhotoShop. Nesse programa recebeu um tratamento de matização para fugir daquele colorido tradicional e buscar um tom mais próximo do “preto e branco”. O objetivo é enfocar no motivo (infra-estrutura atrasada) e não em detalhes que possam desviar a leitura imagética. Foi incluída também uma mancha verde (que não é a torcida do Palmeiras!), cujo objetivo era colocar sobre a foto como plano de fundo do título do texto. Resolvi apresentar o texto do lado esquerdo, mas seu título do lado direito e sobre a imagem.
Os elaboradores dos trabalhos (texto e web design) ficaram distribuídos de uma maneira discreta. O colega que fez o texto, que recebeu mínimas edições (diferentemente do relatado pelos outros colegas), teve seu nome, em letras miúdas, descrito acima do seu próprio texto, mas fora da tabela. Por isso ele leva a cor mais escura de dentro da tabela, todo em minúsculo (propositalmente para dar mais “estilo”), apenas com as iniciais em grená, a cor da tarja da editoria. O mesmo acontece com o meu nome. Colocado ao final do trabalho, alinhado à direita e fora da tabela. Está sob as mesmas características do nome do repórter.
A conclusão, vou relatar em apenas um parágrafo. Acredito chegar ao final apresentando um trabalho pouco profissional, mas exercido com muito zelo e honestidade. Afinal poderia chegar em casa, com o auxílio de alguém que soubesse mais e incrementá-lo. Mas, nesse caso, estaria enganando não a você, mas a mim. E Renato Russo já disse: “Mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira”. Baseado no jargão de que menos é mais, o trabalho ficou como ficou: um tanto
amador mas bem sincero.

Endereço: http://br.geocities.com/feiradesaojoaquim/infraestrutura.htm