quinta-feira, março 08, 2007

público x privado: há limites?

Ontem, por volta das 21h, saí do Centro de Convenções, onde assisti à aula inaugural da FIB (aula magna). Saí contente, apesar de ter que caminhar até a entrada (ou saída, depende do ponto de vista!) do bairro da Boca do Rio para pegar o buzú, pois o tema - Universidade Nova - foi muito bem ministrado pelo seu idealizador, o Reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBa), Naomar de Almeida. Infelizmente, a discussão apresentada no título nada tem a ver com a proposta de reestruturação das universidades brasileiras, que suplica por um necessário debate, mas inicia-se justamente no momento em que adentrei o ônibus.
Ao registrar meu Salvador Card e empurrar o torniquete, estranhei a ocupação regular dos assentos, exceto um par do lado direito próximo à porta de saída. Resolvi (como quase nunca faço) duvidar daquele ditado, "quando a esmola é grande, até o santo desconfia", e caminhei até o banco, crente que estava "abafando". Mais dois passos e vi a cena horripilante, mas não muito incomum aos passageiros de transportes coletivos: um vômito já ressecado, que deixou resquícios no assento e um "sopão" no chão. Assumo que é uma descrição bem asquerosa, entretanto necessária para compreendermos a situação.
Pois bem. Como o diabo corre da cruz, fugi daquele troço fedorento! Dei meia-volta e fiquei de pé mesmo, próximo ao cobrador, observando a cena, as pessoas e imaginando o que escrevo agora.
Problemas a circundar nossa sociedade são inúmeros, um deles, que parece imperceptível à maioria dos indivíduos, é a confusão entre o que é público e o que é privado. Vale frisar que é mais um problema ligado ao originador de todos os outros: falta d educação. Na minha explicação, baseada somente no meu "achismo", mas que suponho haver sentido lógico, serei bem objetivo. Há que se entender algo básico - e talvez por isso passe sem o devido crédito - que o que é de uso público não quer dizer que não tenha dono, mas que todos somos os "donos". Portanto ao usarmos algo público, devemos sempre pensar coletivamente, no outro que vem depois. Diferente de algo privado. Aí já é problema estritamente seu. Se em uma viagem, você sente um mal-estar e quer vomitar, vomite no interior do seu carro! Afinal de contas, ele é seu, particularmente seu, só seu. Faça o que quiser e arque com as conseqüências.
Porém, a maioria não absorveu essa lógica ainda (talvez, nunca!). Muito pelo contrário! No ônibus, que apesar de pertencer a empresas privadas é de uso público, o enjoadinho de plantão não faz cerimônia: arreganha a boca e despeja sua porcariada dentro do veículo, que várias pessoas distintas usam ao mesmo tempo. Se a ânsia de vômito viesse quando essa mesma pessoa estivesse dentro do seu carro particular, sabe o que ela faria? Abriria a porta e expeliria tudo na rua.... que é pública e não tem dono.

mais um carnaval

É a minha volta ao blog, que estava em transe diante das minhas férias (da faculdade somente, diga-se de passagem!). Esse texto, obviamente, está sendo postado atrasadíssimo.... escrevi para o programa 1/2 Hora de Música do Colégio Módulo, onde preparamos um especial para o carnaval. Foi o último e fala, justamente, do carnaval 2007.

Todos os anos o Carnaval de Salvador tem uma novidade. Nada programado, nada formulado ou planejado. É, simplesmente, mais um endossamento daquele velho, mas infalível ditado: “baiano não nasce, estréia”. Pois é, depois do boom do Afrodisíaco (atual Vixe Mainha) no ano passado, quem imaginava alguma surpresa em 2007? A sensação do momento atende pelo nome de Motumbá, o refrão de sua música repete incansavelmente a palavra “bororó”, e é capitaneada pelo ex-timbaleiro Alexandre Guedes. Assim funciona o vulcão do Carnaval de Salvador, sempre a derramar novas lavas.
E tem mais: após dois anos afastado (e muito burburinho), Caetano Veloso está de volta à folia de Momo. E com a corda toda. Vai liderar, ao lado de Jauperi (ex-Olodum e, recentemente, Vixe Mainha) um trio independente com nome homônimo ao novo filme de Monique Gardenberg, baseado em uma peça do Bando de Teatro Olodum, Ó Paí, Ó. Inclusive ele assina, em parceria com Davi Moraes, a composição da canção também homônima ao filme. Já está confirmada a presença do ator baiano Lázaro Ramos, que integra o elenco do longa, a ser lançado ainda em março. O compadre Gilberto Gil tem cadeira cativa na festa, como é de praxe, com seu Expresso 2222. Entre os convidados ilustres: os carioquíssimos Lulu Santos, Toni Garrido e Sandra de Sá, e uma justa homenagem à cantora baiana Margareth Menezes.
Sempre desinteressada por fórmulas musicais, que visam exclusivamente o consumo fácil, Daniela Mercury ataca – como raramente faz – de compositora e assina, em parceria com Manno Góes (do Jammil), sua canção de trabalho para este carnaval: Quero A Felicidade. Uma canção ritmada que preza o otimismo e a esperança. Após o cinema nacional, em 2006, a baiana elétrica vai vangloriar as culturas populares do Brasil neste carnaval. A homenagem será dividida por regiões. Daniela vai cantar forró, música eletrônica, e até canções ligadas ao folclore brasileiro para um baile infantil, vestida de “Nega Maluca”.
O inquieto Carlinhos Brown não fica por menos. O multiartista baiano apresenta o Baile do Bloco Parado e o Pipocão. Com o intuito de atrair o folião “família”, ele promete fazer do Museu du Ritmo (antigo Mercado do Ouro), no Comércio, um novo circuito do carnaval. De sexta a terça se apresentarão por lá, artistas como Margareth Menezes, Babado Novo, Timbalada, Zélia Duncan, Daniela Mercury, Chico César, dentre outros. Na segunda-feira de carnaval, Brown comanda seu trio independente, onde os foliões poderão usar tiaras em forma de pipoca. Mais uma alfinetada de Brown em seu constante discurso em prol da democratização do carnaval.