segunda-feira, novembro 06, 2006

mais do mesmo

Esse texto é uma obrigação da disciplina Jornalismo Especializado I. Fazer uma análise sobre o debate da Record.

O título do texto é uma alusão a uma canção da saudosa Legião Urbana, que retrata, exatamente, o que ocorreu no debate presidencial promovido pela Rede Record: mais do mesmo. A começar pelos mediadores. Exceto Ricardo Boechat, da Band, os outros foram da poderosa e maldita (pela própria classe jornalística) Rede Globo. Ana Paula Padrão, do SBT, Celso Freitas, da Record e hoje, claro, Willian Bonner, da própria Globo. O alvo deste texto será sempre o último debate, porém refere-se a todos os anteriores. Pois bem. As repetições começaram no formato, idêntico aos outros. Mediador no centro, os candidatos postados, cada um, à direita e esquerda do apresentador. Platéia arrumadinha (às vezes nem tanto) à frente de tal cenário, munida, dentre interessados diretos (políticos e organizadores de campanha) de jornalistas especializados, ávidos para questionarem os presidenciáveis da vez. Celso Freitas, então, anuncia as mesmas regrinhas castradoras. Regras elaborados para um robô programado responder, ou exigir que enquanto o candidato responda, faça uma contagem regressiva mentalmente para se situar. Convenhamos que o tempo (pelo visto, regra geral e imutável) de 2 minutos é curto, tanto que quase sempre é estourado pelos falantes. A temática do debate da Record foi a mesma: Alckmin nunca fala de planos de governo (o grande objetivo de um debate), só de denúncias e problemas relacionados ao partido que o presidente-candidato Lula é filiado. Até as respostas do atacado são as mesmas: apuração, será feita apuração e punição aos merecedores. O comportamento dos oponentes também é o mesmo. O petista um pouco mais nervoso, tenso e com discurso guiado pela emoção, e o tucano mais equilibrado, estratégico (?!) e dramático no sentido cênico. Parecia estar em um eterno teste para novelas. Talvez pelo fato de estarmos próximos às eleições, esse confronto perdeu em agressividade. Não que essa seja uma característica primordial em tais eventos, mas, com certeza, desperta o telespectador na sua poltrona. O falatório repetitivo e monótono deu o tom do debate. Geraldo e sua política à moda antiga, de discursos prontos, enfatizando os temas de modo geral (vou melhorar a educação, vou aumentar o emprego, vou melhorar a saúde....), quando o faz, e insistindo que tudo está péssimo no governo Lula. O petista, indiscutivelmente mais carismático e menos "malandro", seduz pela estampa verdadeira, humilde e projetos reais, mas enjoa com as comparações a outros ex-presidentes. Para quem assistiu aos outros debates, esse tornou-se pouco proveitoso. Para não ficarmos bitolados somente nas igualdades entre os debates, teve, pelo menos, uma distinção. A Record colocou a contagem regressiva na tela, certamente para demonstrar credibilidade ao telespectador quanto ao fiel cumprimento dos prazos pré-determinados (ainda que a decorrência do tempo seja mais importante para o candidato visualizar). Sem muita ilusão, de diferente mesmo foi só isso! Sobre o ocorrido no debate, finalizo com o que diz o slogan da campanha publicitária (que ele caracterizou como "desperdício") do candidato tucano: nem mais, nem menos, apenas os fatos.