sexta-feira, setembro 29, 2006

maria bethânia


Falar de Bethânia, para mim, é indescritível. Nem tem como me estender nessa introdução, pois ela, de fato, dispensa apresentações.

Não só cantar, mas cantar e dramatizar. Interpretar. Dar realismo e veracidade às canções, aliadas à literatura e poesia nacionais. Esses são traços inerentes ao trabalho de Maria Bethânia. Tem na voz grave e vigorosa sua maior arma. Seu repertório mergulha, amplamente, no cancioneiro brasileiro. Ele percorre por compositores variados (de Noel Rosa a Carlinhos Brown) e tem uma seleção muito própria (ela diz que só grava o que lhe deixa emocionada). Tais peculiaridades são subsídios para colocá-la no patamar de maior diva do cenário musical brasileiro.
Seu nome foi sugestão do irmão, Caetano Veloso. Ele era impressionado com a canção do pernambucano Capiba, cujo título era “Maria Bethânia”. A prima-dona da música nacional nasceu em Santo Amaro da Purificação, cidade do recôncavo baiano. Ainda adolescente veio para Salvador, acompanhada por Caetano, para concluir os estudos. Todavia, a ebulição cultural que imperava na capital baiana logo a deixou seduzida.
Exatamente no dia 13 de fevereiro de 1965 iniciava-se o ofício (palavra que ela mesma gosta de empregar) de Maria Bethânia. Substituiu Nara Leão no célebre show “Opinião”, interpretando a música “Carcará”, de João do Valle, e não mais desceu dos palcos. A partir daí, Bethânia despontou para o universo musical do Brasil. Já cantou em parceria com Gal Costa, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Vinícius de Moraes, Chico Buarque, João Gilberto, Roberto Carlos e muitos outros.

A cantora baiana ficou marcada, ao longo da carreira, como uma das maiores intérpretes, especificamente, de três compositores: Chico Buarque, Gonzaguinha e Caetano Veloso. Porém, seu último trabalho foi inteiramente dedicado ao poeta e compositor Vinícius de Moraes, por quem tem profunda veneração. O CD, intitulado “Que falta você me faz”, abocanhou a estatueta de melhor disco no Prêmio Tim de Música 2006. O mesmo ocorreu com o espetáculo “Tempo, Tempo, Tempo, Tempo”, referente à turnê do disco, que ganhou como melhor DVD, e com ela própria, vencedora na categoria melhor cantora.
Em 18 de junho deste ano, Bethânia completou 60 anos de idade e, ao invés de ganhar, deu um estupendo presente aos admiradores. As gravadoras por onde ela passou se uniram (algo inédito no país) e lançaram todos os seus discos, inclusive os que estavam fora de catálogo, em CD. Eles chegam ao mercado com encartes especiais, recheados de informações adicionais. Foram resgatadas e preservadas (na medida do possível), também, as ilustrações originais. Enfim, produtos que fazem jus à artista, para fã nenhum botar defeito.

P.S.: Em novembro serão lançados, simultaneamente, dois novos discos de Bethânia: “Pirata” (uma homenagem às águas doces) e “Mar de Sophia” (uma homenagem às águas salgadas).


fonte: www.mariabethania.com.br