quinta-feira, setembro 28, 2006

vamos comer feijão... com arroz!

Esse texto foi escrito por exigência da disciplina Jornalismo Especializado I, lecionada por Zeca Peixoto. Ele pediu que fizéssemos um comentário sobre qualquer tema ligado à economia. Não gosto e nem sei muito do assunto, mas sabe que gostei do meu texto? Ele ainda vai corrigir. De acordo com as retificações que fizer, também alterarei no blog.

Nem tudo está perdido. Há uma luz no fim do túnel. Veja por que. É sabido que o mercado brasileiro ainda ostenta uma carga pesada de desempregados. Nas 6 maiores regiões metropolitanas do país, há mais de 2,4 milhões de seres humanos em busca do almejado emprego e mais de 8 milhões sem laborar, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma situação pouco animadora. Em contrapartida, desde 2004, mesmo que pelejando, há um processo evidente de recuperação da economia do Brasil. Basta reparar no número de contratações formais e informais, por exemplo, no último verão, nas grandes regiões brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Recife). Superou o número de demissões em mais de 1 milhão. Aliás, a taxa de desemprego vem cumprindo sua tendência: recuou. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, passou de 10,7% nos últimos dois meses, para 10,6% em agosto. Em São Paulo, maior metrópole da nação, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) divulgada nesta terça-feira (26) pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a taxa caiu para 15,9%. O menor índice dos últimos 9 anos.
Esse texto não tem a finalidade de enaltecer a hipocrisia, mas a situação de emprego e renda, no país, já mergulhou em águas mais turvas. Se grandes corporações já consideram inglês fluente, MBA e cursos de especialização não mais como adjetivos interessantes, mas como exigências, há discrepâncias no mercado empregatício. Empresas como as redes de supermercados GBarbosa e Hiperideal (genuinamente baiana e pertencente aos donos do extinto Peti Preço), que empregam, de fato, centenas de indivíduos, adotam uma tática peculiar. Como pré-requisito ao candidato não exigem a “idade padrão” (18 a 25 anos), nem a tão crucial experiência profissional. A lógica adotada pelos empresários consiste na eliminação de ranços maléficos adquiridos em outras instituições. Eles oferecem treinamento completo e adequam o funcionário aos seus moldes. Daí vão dizer: “é preciso dominar outro idioma para trabalhar como caixa ou repositor em supermercados?”. Claro que não. Porém, a briga constante (e saudável ao consumidor) entre lojas de varejo em Salvador, como Insinuante, Ricardo Eletro e, mais recentemente devido à inauguração de grandes magazines, Romelsa, comprova uma hipótese. O grande veio do mercado consumidor, que faz rodar a economia do país, é o proletário brasileiro, é o assalariado de baixa renda. Quanto mais e mais estiveram trabalhando, melhor. A economia agradece.
A recuperação econômica do Brasil deve muito ao mercado interno, em função do aumento do consumo das famílias. Empregos estão sendo engendrados, também, além do comércio (primeiro lugar, com 19% do total), em indústrias de alimentação, bancos, e empresas de call center. Estas, em Salvador, quebram recordes. Das mais de 50 mil vagas originadas no país, cerca da metade pertence à capital baiana, segundo dados da Associação Brasileira de Telesserviços (ABT). Tudo é call center. Às vezes, inegavelmente, incomoda, é chato. Porém, contribui para o desenvolvimento da economia brasileira. São milhares de pessoas ingressas no mercado, principalmente estudantes de nível médio e universitário. Diga-se, de passagem, que as duas maiores empresas de call center do país possuem unidades em Salvador. Diluindo em números, a Contax gera, aproximadamente, 6 mil empregos em Salvador e a Atento Brasil, mais de 5 mil. Em todo o país, o setor emprega 630 mil pessoas, com perspectivas de criação de mais 35 mil postos de trabalho, segundo a ABT. Há, sim, que se comemorar. Ao futuro, segundo especialistas, está projetado um cenário de crescimento médio anual de 3,4% até 2012. A redução dos trabalhos precários (bicos) e o considerável acréscimo do salário mínimo, influenciaram e impulsionaram a economia, mesmo representando uma coronhada na cabeça das micro e grandes empresas. Mas quem consome e paga juros e mais juros é o povão. É na massa consumidora que está o filão. Certo que 350 reais não é salário digno, honroso. A situação ainda está manca, mas já capengou mais. Não dá pra cumprir a constituição (bendita constituição!): todo cidadão tem direito a alimentação, saúde, lazer e blá, blá, blá...
O título deste texto remete a uma longínqua canção do Caetano Veloso, mas para finalizar, recorre-se aos Titãs, que já perguntaram: “você tem fome de quê?”. E eles mesmos responderam: “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão, balé”. Lentamente, estão sendo dados alguns passinhos. Na mesa já dá para colocar o principal, e com complemento.